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quinta-feira, 30 de julho de 2015

Homenagem a Zé Limeira


Hoje eu fui lá na feira
Comprar um quilo de felicidade
E me encontrei com Zé Limeira
Perambulando pela cidade
Com um tostão furado na carteira
E usando um cinto de castidade
Ficava tirando poesia da algibeira
E sorrindo de tudo que era modernidade
Lampião pensou que era brincadeira
E deu a Zé um bocó de inutilidades
Como um celular sem eira nem beira
Que só tirava retrato de gente sem falsidade
Maomé, debaixo duma palmeira,
Servindo o caldo da caridade,
Disse: "Zé, hômi, você não pode pegar poeira,
Nem tomar vento na puberdade"
Buda, Jesus e Padre Antônio Vieira
Também estavam lá distribuindo humildade
Quando num pé de pau subiu Zé Limeira
Pra não ver o povo passando necessidade
Zumbi dos Palmares falou: "essa não é a primeira
Vez que levo na cacunda um homem da terceira idade"
Nos ombros de Zumbi, Zé abriu tudo que era coleira
E saíram por aí semeando liberdade
Foi tanta gente solta pelas cumeeiras
Que tiraram o sono das autoridades
Eu creio cá comigo que essa foi a derradeira
Vez que permitiram ao poeta Zé Limeira
Perambular com sua poesia pela cidade...
Pio XII, 28/07/2015, 20:48.

Para Cícero Antônio Basílio Quesado, Hélio Guedelha e Severino Juvenal.