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quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Recuperar os fundamentos marxistas da psicologia vigotskyana


Nos estudos que ora faço sobre Vygotsky procuro realçar a base marxista do pensamento do psicólogo bielo-russo. Importante texto que destaca essa questão é o artigo “To Create Psychology’s Own Capital”, de Mohamed Elhammoumi.

No artigo, Elhammoumi lembra que “uma adequada apreciação da psicologia vygotskyana não é possível sem considerar sua relação com Marx e a filosofia marxista”.

Newton Duarte no livro “Vigotski e o ‘aprender a aprender’” aprofunda a questão, estabelecendo uma relação entre o “esquecimento” das raízes marxistas da psicologia de Vygotsky e o lema escolanovista “aprender a aprender”.

O texto de Elhammoumi pode ser lido no link abaixo:

http://lchc.ucsd.edu/mca/reviews/TSHC%20-%20To%20Create%20Psychology_s%20Own%20Capital.pdf

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Achei que estávamos a perder mais uma batalha


Achei que estávamos a perder mais uma batalha. Um dos nossos alunos desistiu de ir à escola. Trata-se de um rapaz de poucas palavras. Deveria estar terminando o ensino médio, mas ainda está na oitava série. Foi reprovado dois anos seguidos, estudando na mesma escola. E, devido a uma norma burra que atribui ao aluno a culpa por duas reprovações consecutivas, foi obrigado a mudar de escola. Não adiantou: continuou a ser reprovado. Este ano ainda começou a frequentar a escola, mas menos de um mês depois já tinha desistido de ir à aula.

Soube que está andando com o que nós chamamos de “más companhias”, talvez outros jovens que, como ele, a escola desistiu de tentar “consertar”.

Pois bem. Viajei pensando nesse assunto. Deduzi que não se trata apenas de reintegrá-lo à escola, de salvar o seu ano letivo, mas, quem sabe, talvez salvar sua vida, já que algumas vezes madruga sabe-se lá onde.

A revista Nova Escola deste mês (junho/julho) publicou uma matéria que nos ajuda a pensar sobre a situação deste e de outros jovens brasileiros. A reportagem, que se chama “Um erro que se repete a cada ano”, mostra que, enquanto em todo o mundo a taxa de reprovação no ensino fundamental é de apenas 2,9%, no Brasil é de 18,7%! (ver gráfico acima).

A matéria cita um estudo de Sergei Suarez Dillon Soares, técnico de planejamento e pesquisa da Diretoria de Estudos Sociais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em que o pesquisador faz a sábia advertência que reproduzo abaixo:

“[...] Convença um menino de que ele é incapaz e ele o será. Convença-o de que a Matemática ou a leitura estão além do seu alcance, e elas estarão. Reprove-o, sinalizando que sua única alternativa é a escolha entre trabalho braçal e diversos tipos de marginalidade, e ele, principalmente se é pobre e vive cercado de pessoas cujas vidas foram definidas dessa forma, acreditará.”

A matéria faz importantes conclusões sobre a questão da reprovação no Brasil:

“Do jeito que está, espera-se um ano inteiro para confirmar que tudo estava errado. E mais: em lugar de corrigir os erros, repetir tudo novamente. [...] Antes de mais nada, é preciso acabar com a ideia de colocar o estudante como o culpado pelo fracasso escolar. A escola só existe para ensinar.”

Voltei de viagem perturbado com a possibilidade de não pudermos fazer muita coisa por este jovem (devido à burocracia escolar: prazos, notas, etc.). Mas recebi boas novas dos meus colegas de trabalho, que me disseram que o jovem voltou à escola, solicitando a compreensão dos professores: quer concluir o ano letivo. E os professores estão dispostos a ajudá-lo. É um gesto pequeno, quase imperceptível, diante das dimensões do problema no Brasil.

Para mim, a compreensão desses professores é uma atitude que reforça a minha esperança no trabalho educacional. Para o jovem, talvez seja o que faltava para continuar acreditando na vida.

A matéria da Nova Escola pode ser lida clicando o link abaixo:

http://revistaescola.abril.com.br/planejamento-e-avaliacao/avaliacao/repetencia-erro-se-repete-cada-ano-567983.shtml

terça-feira, 18 de maio de 2010

Uma assembleia histórica

Centro de Ensino Jansen Veloso realiza reunião de pais para elaboração do Projeto Político Pedagógico da escola.

Na noite de ontem, 17, os pais dos alunos do Centro de Ensino Jansen Veloso realizaram a primeira assembleia para discussão de propostas que irão fundamentar a elaboração do Projeto Político Pedagógico da escola.

O Projeto Político Pedagógico, mais conhecido como PPP, é a carteira de identidade da escola. Previsto na legislação educacional brasileira, mais especificamente na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), nele estão contidos os princípios e metas da escola, elaborados de maneira democrática pela comunidade escolar.

A assembleia foi organizada e convocada pelos representantes dos pais no colegiado escolar, Annes Lima e Perpétua Cruz, com o apoio da gestora, Iara Cavalcante. Cerca de quatrocentos pais estiveram presentes. Divididos em dez grupos e tendo os professores como colaboradores, os pais discutiram os problemas da escola e apresentaram as possíveis soluções para os problemas apresentados. As decisões de cada grupo foram levadas ao plenário e ao final foi aprovado um conjunto um conjunto de propostas que compõem o documento-base para discussão e elaboração do Projeto Político Pedagógico do Centro de Ensino Jansen Veloso.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Concepções pedagógicas e realidade educacional brasileira

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), aprovada em dezembro de 1996, estabelece em seu artigo 3º, inciso III, o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas. A mesma lei define ainda em seu artigo 12 que os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão, entre outras, a incumbência de elaborar e executar sua proposta pedagógica.

O pluralismo de ideias e de concepções coexiste com linhas pedagógicas gerais, presentes nos documentos-base da atividade docente, como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Os PCNs possuem uma matriz construtivista e para que as escolas se adequassem às suas concepções, o governo brasileiro criou o programa “PCNs em Ação”.

Contudo, para que o construtivismo seja bem sucedido, é preciso mais que um programa passageiro: é fundamental uma formação docente adequada e a reestruturação física das escolas, com salas de aulas amplas e didaticamente enriquecidas com jogos, brinquedos, mapas, livros e instrumentos diversos.

Logo se constata a falta de harmonia entre os princípios construtivistas dos PCNs e a realidade não-construtivista da maioria das escolas brasileiras. Essa contradição faz com que algumas importantes contribuições dessa concepção pedagógica – como o reconhecimento do erro como síntese da elaboração de uma hipótese, o papel ativo do ser humano na aprendizagem e o papel de mediador do professor – percam a relevância diante do fato de que, para se adequar à realidade, os docentes adotem uma postura tradicionalista e acabem aparecendo como os principais transmissores do saber, exigindo alunos passivos e “bons” de memória.

Percebemos, assim, que pela própria dinâmica da sociedade e principalmente das contradições sociais, as concepções pedagógicas não se manifestam em toda a sua “pureza”. A escola brasileira convive com práticas em que se mesclam as concepções tradicional, escolanovista, construtivista, socioconstrutivista, libertadora (freireana), crítica, etc.

Exemplo interessante é o caso da EAD. A educação à distância, que inicialmente reduzia a aprendizagem à instrução, como associação estímulo-resposta (Skinner), enriqueceu-se com as pesquisas cognitivistas, incorporando a contribuição de autores como Ausubel e Piaget, numa tentativa de superar o esquema mecanicista da “caixa negra” com que era comparado o cérebro humano, bem como aspectos do enfoque histórico-cultural de Vygotsky, especialmente o conceito de zona de desenvolvimento proximal (Alfonso, Canfux, Castellanos et al, 2008).

Não negligenciando a importância da discussão acerca das concepções pedagógicas, é importante destacar que os objetivos educacionais respondem, em última instância, a objetivos sociais gerais (Alfonso, Canfux, Castellanos et al, 2008) e que, portanto, a responsabilidade do educador e da escola deve ser exercida (democraticamente) com a autoridade que lhe é exigida para atingir esses objetivos. E, como disse Young (2007):  

Para crianças de lares desfavorecidos, a participação ativa na escola pode ser a única oportunidade de adquirirem conhecimento poderoso e serem capazes de caminhar, ao menos intelectualmente, para além de suas circunstâncias locais e particulares.

REFERÊNCIAS:

 

ALFONSO, Ileana, CANFUX, Verônica, CASTELLANOS, Ana V. et al. Tendencias pedagógicas en  la realidad actual. Ciudad de La Habana: Editorial Universitaria, 2008.

TARRIO, Carolina. Por dentro do socioconstrutivismo. In: Educar para Crescer. Disponível em:

http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/materias_295344.shtml. Acesso em 15 abr. 2010.

YOUNG, Michael. Para que servem as escolas? Educ. Soc., Campinas, v. 28, n. 101, dez. 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302007000400002&lng=pt&nrm=iso. Acesso em 14 abr. 2010.       

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Conselho de Classe: um importante instrumento avaliativo

O que é Conselho de Classe?

É um conselho formado democraticamente pelos professores e alunos de uma determinada turma, e possivelmente, por representantes da equipe pedagógica da escola, dos pais e gestores.

Para que serve o Conselho de Classe?

Serve para detectar eventuais problemas na turma, as dificuldades de aprendizagem e as expectativas dos alunos, propondo encaminhamentos que garantam o direito a uma escola de qualidade.

Qual o melhor critério de organização do Conselho de Classe?

Cada escola tem a liberdade de organizar o conselho de acordo com a sua realidade, mas é preferível que todos os professores que lecionam numa turma sejam membros do conselho dessa turma e que pelo menos 20% dos alunos estejam representados no conselho.

Quais os procedimentos para a criação do conselho?

1) Definição do critério de representatividade dos alunos e demais representantes;

2) Assembleia com os alunos para sensibilização e esclarecimento da função do conselho;

3) Assembleia para eleição dos membros e criação do conselho.

Qual o perfil ideal do aluno que deve participar do conselho?

De preferência: ser criativo, crítico, comunicativo, solidário, se relacionar bem com os colegas e ter visão do coletivo.

Quem deve presidir o conselho?

Qualquer um dos seus integrantes, escolhido democraticamente pelos seus pares após a criação do conselho.

Com que frequência o conselho deve se reunir?

Bimestralmente; ou extraordinariamente, quando assunto de relevância assim o determinar, convocado pelo seu presidente, pelo Colegiado Escolar, Gestor ou por pelo menos 1/3 dos membros do conselho.

Qual a duração do mandato do Conselho?

Um ano. Os conselhos de classes devem ser organizados no início de cada ano letivo.


Leia mais sobre o Conselho de Classe no site da Mundo Jovem:

http://www.mundojovem.com.br/artigo-conselho-de-classe.php


segunda-feira, 1 de março de 2010

Educação na era digital

Se a escola não fizer uma revolução, as crianças vão fazê-la. O alerta feito por Seymour Papert em 2001 é uma realidade, mas, infelizmente, ainda há escolas e professores que fingem não ver que pararam no tempo. Com isso, estão condenando crianças e jovens à exclusão, rotulando-os como os que “não querem nada com a vida”, quando, na verdade, quem não quer nada com a vida é esse tipo de escola, baseada em um ensino artificial e que ignora ou finge ignorar as “conexões” que nossos alunos fazem todo santo dia, entre o que devem aprender, os artefatos tecnológicos de que dispõem ou têm acesso e a realidade midiática com a qual se defrontam.
Infelizmente – é triste dizer isso – já conheci adolescentes que abandonaram a escola por supostamente não quererem nada com a vida... E queriam, ah como queriam... Queriam tanto que iam à escola em um turno diferente daquele em que estudavam para freqüentar o laboratório de informática... E lá se empenhavam com tal dedicação que nem pareciam os diabinhos com que eram comparados. Havia um interesse sincero: o envolvimento com o computador lhes possibilitava aprender com prazer e encontrar sentido no que faziam, interagindo com o “mundo real” – expressão que soa redundante, mas cujo uso aqui só evidencia o artificialismo da escola em seu mundinho de notas, avaliações que não avaliam e outros absurdos.
Quando o laboratório de informática deixou de funcionar por algum tempo, cumpriu-se o prognóstico de alguns professores e aqueles adolescentes deixaram de ir à escola, passando a compor o exército de evadidos...
Posso citar outros exemplos, como o do garoto que evitava a matemática, mas que diante de uma simples animação/simulação de expressões numéricas em computador passou a simpatizar com os números e sua ciência...
Sou testemunha ocular dessas situações e dos benefícios que as Tecnologias de Informação e Comunicação trazem para a educação quando integradas ao currículo escolar e a uma pedagogia ativa, com links na realidade social e no dia-a-dia dos alunos.
Nossos alunos usam celular, mp3, mp4, iPod, pen-drive, câmera digital... como podemos orientá-los para o uso pedagógico desses artefatos, possibilitando apreender a realidade e transformá-la pela ação educativa?
O professor pode orientar os alunos a realizarem entrevistas entre eles e com outras pessoas sobre temas de estudo, gravarem no celular/mp3/mp4, editá-las em programas como o Audacity ou o Movie Maker e transformar em podcasts, disponibilizados em blogs. Pode ser feito o mesmo para a criação e edição de arquivos de vídeo, que podem ser postados em blogs ou no YouTube e compartilhados como links pedagógicos para a comunidade escolar.
A produção audiovisual pode fazer parte de uma ideia mais complexa, como um jornal (impresso e em rede) ou a criação de um projeto para a preservação da memória social (da escola, da comunidade, de uma categoria profissional).
Os professores da área de linguagens e códigos podem criar blogs com podcasts, vídeos e textos para incrementar o aprendizado da língua, proporcionando autonomia aos alunos para que façam o mesmo e se sintam senhores da própria voz.
A criação de apresentações em programas como o Impress ou o Power Point e a publicação na web (nos blogs da wordpress é possível disponibilizar esse tipo de arquivo) permite o compartilhamento e o aperfeiçoamento da organização didática de determinados temas, que podem ser explorados em debates e seminários.
De uma maneira democrática, dialógica e colaborativa, o professor pode criar suas aulas e postá-las na web (o Portal do Professor possui uma interessante ferramenta de criação e publicação de aulas), com a possibilidade de alunos e professores interagirem e opinarem sobre as aulas publicadas.
Páginas e páginas poderiam ser escritas com o detalhamento de como a escola proceder na integração de mídias e tecnologias...
Se a escola adota essa perspectiva, como filosofia e inspiração coletiva, são grandes as chances do sucesso escolar: da escola, como instituição com raízes fincadas na comunidade (local e global), dos professores, com auto-estima suficiente para afastar o burnout e se considerarem responsáveis pela disseminação da esperança num mundo melhor, dos alunos, como protagonistas, produtores culturais, e, de fato, cidadãos críticos e autônomos.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Ubiquidade educacional X grande irmão

A ubiquidade parece representar o resultado mais óbvio da evolução tecnológica: “os computadores irão se tornar máquinas integradas e ocultas, presentes no ambiente natural do ser humano” (Andrade, 2009), invisíveis, mas em qualquer lugar à nossa volta, como previu o profeta da ubiquidade, Mark Weiser (Weiser, 1991).
Essa realidade está cada vez mais presente nos dispositivos móveis, como o GPS e o celular, e nos “lugares digitais”: nas grandes cidades, “os tradicionais espaços de lugar (rua, praças, avenidas, monumentos) estão, pouco a pouco, transformando-se em espaços de fluxos, espaços flexíveis, comunicacionais” (Lemos, 2004).
Se, por um lado, essa tendência possibilita uma interação mais inteligente e imediata entre o ser humano e a pólis, por outro lado, transforma em coisa concreta o olhar vigilante do “grande irmão” de Orwell. De fato, o grande irmão já está (oni)presente na Internet: o meu acesso à rede mundial de computadores gera um IP (Internet Protocol), endereço que indica o “local” da minha máquina. Cada url que digito, a cada consulta ao Google, a cada cadastro em um site, estou fornecendo informações que dizem quem eu sou: meus gostos, preferências e até mesmo o tempo total que passo na web.
Nas metrópoles, os cidadãos estão sob a constante vigilância de milhares de câmeras. Além disso, sistemas cada vez mais inteligentes passam a definir a relação do cidadão com a cidade. “A cidade invasiva ou perversa compreenderia então um ambiente onde a massificação dos objetos digitais no cotidiano permitiria a invasão da publicidade e a divulgação das nossas vidas privadas” (Leite, 2008). Assim, “manter a privacidade pessoal numa sociedade ubíqua será altamente complexo e quase impossível” (Gadzheva, 2008, apud Mídias na Educação, Convergências das Mídias, Mobilidade e ubiquidade).
Contrapor-se a essa realidade requer mais que uma ética, mas um projeto social de uma educação ubíqua, “que pressupõe apropriação e uso social” (Lemos, 2004) da tecnologia para a ação e que reverta a dupla perda de identidade a que estamos expostos: a de portadores de “chips invisíveis”, acessíveis ao olho do grande irmão, e de comportamentos indiferenciados que garantem a primazia do “modelo” Homer Simpson como expressão da alienação midiática.
Assim, a ubiquidade deve revelar-se uma experiência positiva:
(...) Do ponto de vista da memória dos lugares, podem ser ampliadas as capacidades de reunir questões locais em torno do um imaginário coletivo, da transmissão de saberes, do conhecimento passado de geração em geração, da promoção de uma identidade e da participação civil (Leite, 2008).
Contudo, “faz-se necessário, no entanto, evitar que os lugares de ubiquidade se submetam às dinâmicas econômicas e comerciais, cujos interesses transformam a percepção estética e a apreensão afetiva do lugar” (idem).
O desenvolvimento de uma educação ubíqua passa pela efetivação da escola integral e pela integração invisível da educação à vida social. Weiser (1991) destaca a escrita como uma tecnologia ubíqua nos países industrializados, lembrando-nos da grande responsabilidade educacional (política) das nações com elevado número de analfabetos, como o Brasil. Dessa forma, a ubiquidade educacional só pode ser realizada a contento após um esforço consciente de “visibilidade” das tarefas educacionais pendentes, como a garantia do acesso à escola, a permanência nela e o sucesso escolar.
Moll (2009) estabeleceu importantes reflexões que convergem para a ideia que temos de uma educação ubíqua:
A cidade precisa ser compreendida como território vivo, permanentemente concebido, reconcebido e produzido pelos sujeitos que a habitam. É preciso associar a escola ao conceito de cidade educadora, pois a cidade, no seu conjunto, oferecerá intencionalmente às novas gerações experiências contínuas e significativas em todas as esferas e temas da vida (Moll, 2009, p. 15).
A ubiquidade educacional é uma utopia possível, no marco da ubiquidade como processo social. Nas palavras de Moll (idem):
Pensemos ainda na escola em meio a um processo que imbrica os saberes que “circulam” nas praças, nos parques, nos museus, nos teatros, nos cinemas, nos clubes, nos espaços de inclusão digital, nos movimentos em favor dos direitos humanos materializados na proteção das mulheres, das crianças e dos jovens (ibidem, p. 15).
Tratar a ubiquidade nessa perspectiva é afirmar “um novo humanismo, através da conversão da vida quotidiana na cidade em obra, apropriação e valor de uso” (Sousa, 2009), embutida nessa visão uma ética de respeito aos direitos do cidadão e de construção de uma educação com tendência a ocupar os lugares públicos invisivelmente.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Luiz Adolfo de. Apresentação do texto de Mark Weiser (1991). Disponível em:
http://www.andrelemos.info/midialocativa/2008/09/apresentao-do-texto-de-mark-weiser-1991.html. Acesso em 16 fev 2010.
GADZHEVA, Maya. Location privacy in a ubiquitous computing society. In: International Journal of Electronic Business. - Vol. 6, No. 5 pp. 450 – 461. 2008. Disponível em:
http://www.inderscience.com/search/index.php?action=record&rec_id=21181&prevQuery=&ps=10&m=or. Acesso em 17 fev 2009.
LEITE, Julieta. A ubiqüidade da informação digital no espaço urbano. In: LOGOS 29 - Tecnologias e Socialidades. Ano 15. no. 29. UERJ. Rio de Janeiro. 2008. Disponível em:
http://www.logos.uerj.br/PDFS/29/10JULIETA_LEITE.pdf. Acesso em 16 fev 2010.
LEMOS, André. Cibercultura e mobilidade. In: Razón y palabra - Octubre –Noviembre 2004. Disponível em:
http://www.cem.itesm.mx/dacs/publicaciones/logos/anteriores/n41/alemos.html. Acesso em 10 fev 2010.
MOBILIDADE E UBIQUIDADE. Mídias na Educação, Convergências das Mídias. Disponível em:
http://200.130.6.210/webfolio/Mod83527/etapa3/pag15.html. Acesso em 10 fev 2010.
MOLL, Jaqueline. Um paradigma contemporâneo para a educação integral. In: Pátio, Ano XIII, Nº 51, ago/out 2009.
Sousa, J. Francisco Saraiva de. Henri Lefebvre: crítica do urbanismo. CyberCultura e Democracia Online. Disponível em:
http://cyberdemocracia.blogspot.com/2009/06/henri-lefebvre-critica-do-urbanismo.html. Acesso em 23 fev 2010.
WEISER, Mark. The Computer for the 21st Century. Disponível em:
http://nano.xerox.com/hypertext/weiser/SciAmDraft3.html. Acesso em 17 fev 2010.