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sexta-feira, 16 de abril de 2010

Concepções pedagógicas e realidade educacional brasileira

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), aprovada em dezembro de 1996, estabelece em seu artigo 3º, inciso III, o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas. A mesma lei define ainda em seu artigo 12 que os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão, entre outras, a incumbência de elaborar e executar sua proposta pedagógica.

O pluralismo de ideias e de concepções coexiste com linhas pedagógicas gerais, presentes nos documentos-base da atividade docente, como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Os PCNs possuem uma matriz construtivista e para que as escolas se adequassem às suas concepções, o governo brasileiro criou o programa “PCNs em Ação”.

Contudo, para que o construtivismo seja bem sucedido, é preciso mais que um programa passageiro: é fundamental uma formação docente adequada e a reestruturação física das escolas, com salas de aulas amplas e didaticamente enriquecidas com jogos, brinquedos, mapas, livros e instrumentos diversos.

Logo se constata a falta de harmonia entre os princípios construtivistas dos PCNs e a realidade não-construtivista da maioria das escolas brasileiras. Essa contradição faz com que algumas importantes contribuições dessa concepção pedagógica – como o reconhecimento do erro como síntese da elaboração de uma hipótese, o papel ativo do ser humano na aprendizagem e o papel de mediador do professor – percam a relevância diante do fato de que, para se adequar à realidade, os docentes adotem uma postura tradicionalista e acabem aparecendo como os principais transmissores do saber, exigindo alunos passivos e “bons” de memória.

Percebemos, assim, que pela própria dinâmica da sociedade e principalmente das contradições sociais, as concepções pedagógicas não se manifestam em toda a sua “pureza”. A escola brasileira convive com práticas em que se mesclam as concepções tradicional, escolanovista, construtivista, socioconstrutivista, libertadora (freireana), crítica, etc.

Exemplo interessante é o caso da EAD. A educação à distância, que inicialmente reduzia a aprendizagem à instrução, como associação estímulo-resposta (Skinner), enriqueceu-se com as pesquisas cognitivistas, incorporando a contribuição de autores como Ausubel e Piaget, numa tentativa de superar o esquema mecanicista da “caixa negra” com que era comparado o cérebro humano, bem como aspectos do enfoque histórico-cultural de Vygotsky, especialmente o conceito de zona de desenvolvimento proximal (Alfonso, Canfux, Castellanos et al, 2008).

Não negligenciando a importância da discussão acerca das concepções pedagógicas, é importante destacar que os objetivos educacionais respondem, em última instância, a objetivos sociais gerais (Alfonso, Canfux, Castellanos et al, 2008) e que, portanto, a responsabilidade do educador e da escola deve ser exercida (democraticamente) com a autoridade que lhe é exigida para atingir esses objetivos. E, como disse Young (2007):  

Para crianças de lares desfavorecidos, a participação ativa na escola pode ser a única oportunidade de adquirirem conhecimento poderoso e serem capazes de caminhar, ao menos intelectualmente, para além de suas circunstâncias locais e particulares.

REFERÊNCIAS:

 

ALFONSO, Ileana, CANFUX, Verônica, CASTELLANOS, Ana V. et al. Tendencias pedagógicas en  la realidad actual. Ciudad de La Habana: Editorial Universitaria, 2008.

TARRIO, Carolina. Por dentro do socioconstrutivismo. In: Educar para Crescer. Disponível em:

http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/materias_295344.shtml. Acesso em 15 abr. 2010.

YOUNG, Michael. Para que servem as escolas? Educ. Soc., Campinas, v. 28, n. 101, dez. 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302007000400002&lng=pt&nrm=iso. Acesso em 14 abr. 2010.       

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Conselho de Classe: um importante instrumento avaliativo

O que é Conselho de Classe?

É um conselho formado democraticamente pelos professores e alunos de uma determinada turma, e possivelmente, por representantes da equipe pedagógica da escola, dos pais e gestores.

Para que serve o Conselho de Classe?

Serve para detectar eventuais problemas na turma, as dificuldades de aprendizagem e as expectativas dos alunos, propondo encaminhamentos que garantam o direito a uma escola de qualidade.

Qual o melhor critério de organização do Conselho de Classe?

Cada escola tem a liberdade de organizar o conselho de acordo com a sua realidade, mas é preferível que todos os professores que lecionam numa turma sejam membros do conselho dessa turma e que pelo menos 20% dos alunos estejam representados no conselho.

Quais os procedimentos para a criação do conselho?

1) Definição do critério de representatividade dos alunos e demais representantes;

2) Assembleia com os alunos para sensibilização e esclarecimento da função do conselho;

3) Assembleia para eleição dos membros e criação do conselho.

Qual o perfil ideal do aluno que deve participar do conselho?

De preferência: ser criativo, crítico, comunicativo, solidário, se relacionar bem com os colegas e ter visão do coletivo.

Quem deve presidir o conselho?

Qualquer um dos seus integrantes, escolhido democraticamente pelos seus pares após a criação do conselho.

Com que frequência o conselho deve se reunir?

Bimestralmente; ou extraordinariamente, quando assunto de relevância assim o determinar, convocado pelo seu presidente, pelo Colegiado Escolar, Gestor ou por pelo menos 1/3 dos membros do conselho.

Qual a duração do mandato do Conselho?

Um ano. Os conselhos de classes devem ser organizados no início de cada ano letivo.


Leia mais sobre o Conselho de Classe no site da Mundo Jovem:

http://www.mundojovem.com.br/artigo-conselho-de-classe.php