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sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Eu espero...

 


Millôr Fernandes disse uma vez que a esperança é a última que mata. Pois bem: eu, com meu otimismo, estou predestinado a sofrer do mal de ter esperança. Pois é, porque eu espero...

Eu espero que as crianças e seus cuidadores, que os jovens e seus narizes confiem no trabalho das suas professoras e professores, acreditem plenamente no conhecimento, na educação e na ciência...

E espero que esses sábios estudantes saibam distinguir uma verdade óbvia de uma mentira cabeluda, e que jamais repitam, como robôs, comandos editados de supostas verdades.

Espero que se aprenda a discutir racionalmente, que se aprenda a saber falar e a saber ouvir, mas sem ilusão: algumas criaturas que porventura cruzem nosso caminho jamais estarão propensas ao diálogo conosco. Mas eu espero que jamais deixemos de prosear, por causa desses que odeiam ser contrariados.

Eu espero que as pessoas valorizem a racionalidade, mas sem se esquivar de suas próprias emoções.

Eu espero que as pessoas não calem sua voz interior, para que todos possam ser ouvidos como realmente são. Espero que aprendamos, com a nossa fala e a fala de tantos outros, a gramática comum que possuímos: a morfossintaxe de nossas almas irmãs...

Eu espero que cada um valorize a história que construiu ou está construindo, mas sem qualquer superioridade e com uma atençãozinha reservada a tantas outras histórias do mesmo livro em que somos personagens...

Eu espero, enfim, que o mundo possa ser mais pacífico e harmônico, embora saiba que enquanto o trabalho árduo, a fome e o desrespeito estiverem impedindo que milhões de pessoas durmam bem, não pode haver paz no mundo.

Mesmo assim, eu espero...

 

Imagem: domínio público (pixabay.com/pt)