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quarta-feira, 30 de março de 2011

A educação pela greve

Apesar de ser um direito constitucional, a mídia burguesa costuma retratar a greve como algo imoral. Os grevistas são geralmente apresentados como pessoas desalmadas, que não se importam com aqueles que deles dependem. Se a greve for na educação, nem se fala: os professores são tratados como criminosos, que não ligam para os alunos, para o ano letivo, etc., etc.

É comum também a grande mídia ignorar a existência de uma greve, como se o fato de milhares de trabalhadores estarem de braços cruzados não tivesse maiores implicações na sociedade e não representasse notícia relevante. Em vez disso, a mídia dedica matérias sobre o casamento ou a separação de algum famoso ou outras baboseiras, pois distrai o povo, levando-o a esquecer seus reais problemas.

Uma greve não se decide na mesa de um juiz, pois ela é a expressão dos sentimentos e aspirações de uma categoria profissional – e não reflexo de uma mera canetada de um intérprete da lei. Tentar criminalizar uma greve é um gesto de desespero dos que sentem saudades da ditadura e não se habituaram à convivência democrática.

Toda greve é um ato educativo. Quando educadores deixam de dar aula para fazer greve, eles não estão se omitindo do seu trabalho. Pelo contrário: estão defendendo condições dignas, para que o trabalho seja feito com motivação e prazer. Mais do que isso: estão mostrando aos seus alunos que a educação não acontece só em sala de aula (aliás, às vezes, a sala de aula é um disfarce para que se imagine que a educação esteja acontecendo). Se não mostrarmos aos alunos que eles podem e devem intervir na realidade, procurando torná-la mais digna à existência humana, para que serve estarmos todo dia na sala de aula?

Mais do que meras palavras, com o exemplo da greve os educadores estão dizendo aos alunos que ser cidadão é exigir respeito e melhores condições de vida – esperando assim que das carteiras escolares não saiam seres cabisbaixos, mas homens e mulheres que tenham a coragem de exercer sua liberdade de pensamento e de ação.