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segunda-feira, 8 de abril de 2013

Noite de autógrafos do livro "Histórias exemplares: para serem lidas na escola"


Na noite de sábado, 06, no Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Pio XII, fiz o lançamento do meu livro de contos “Histórias Exemplares: para serem lidas na escola”.
O lançamento teve ainda a apresentação musical do meu filho Gilgammés Souza, com um repertório muito legal de pop, rock e MPB.
Estou muito feliz com a noite de autógrafos. Agradeço o carinho do público, o apoio dos amigos, os elogios dos leitores e, claro, a energia positiva da minha família.
O livro pode ser adquirido no site do Clube de Autores, em versão impressa ou digital, pelo link: http://www.clubedeautores.com.br/book/138629--Historias_Exemplares. Para comprar pela Internet é preciso se cadastrar no site.
“Histórias Exemplares” foi escrito no ano passado. São dez contos que evidenciam o cotidiano das cidades do interior do Brasil em confronto com a desagregação familiar, a migração, o sonho de dias melhores. O universo escolar está presente nas histórias, seja como cenário principal ou de maneira indireta.  
Espero que o livro seja apreciado principalmente pelos nossos jovens, que possam gostar dos contos e se sintam estimulados a buscar outros livros, outras leituras.
Para que os não puderam comparecer na noite de autógrafos, o livro será apresentado e vendido em outros eventos.
  

segunda-feira, 4 de março de 2013

“O professor tem que fazer um trabalho contraideológico, tentando fazer da escola um lugar melhor.”



No dia 02 de fevereiro concedi essa entrevista a um grupo de alunos do curso de Ciências Naturais, da Universidade Federal do Maranhão, para apresentação de trabalho na disciplina Fundamentos da Educação:

PERGUNTA: Você acredita que a educação possa resolver o problema da marginalidade no Brasil?
RESPOSTA: Não. De maneira cabal, completa e resoluta... Não. [A educação] pode contribuir e diminuir esses índices de desigualdade, mas como a questão da marginalidade tem origem na estrutura desigual da sociedade capitalista, baseada em princípios de lucro e mais valia, onde sempre haverá em uma ponta, exploradores e na outra, explorados, a educação não pode resolver definitivamente o problema da marginalidade.
PERGUNTA: E na região Nordeste, como o senhor acredita que acontece a marginalidade e como, de acordo com o seu pensamento, ela pode ser resolvida?
RESPOSTA: A região Nordeste, ela aparece como uma das mais desfavorecidas educacionalmente. A relação disso tem menos a ver com a educação do que com a questão econômica. Nosso país vive um desenvolvimento desigual e com sérios problemas regionais. Vemos o Sul e o Sudeste que são mais desenvolvidos que o Norte e o Nordeste. Por quê? Exatamente porque no Sul e no Sudeste houve um processo de industrialização mais cedo.
PERGUNTA: E com relação ao estado do Maranhão, que a gente vive atualmente, veem-se aí novas politicas educacionais sendo lançadas. O senhor acredita que elas possam resolver o problema da marginalidade?
RESPOSTA: O estado do Maranhão é outro exemplo. O Maranhão não tem uma política de estado específica para a educação. Ainda se faz necessário mudar muitas coisas no estado do Maranhão em relação à educação. [É preciso] tratar a educação com seriedade e desenvolver politicas de estado.
PERGUNTA: No caso do estado do Maranhão, continuando a falar da educação do nosso estado, o senhor acha que um programa voltado totalmente para reformular as politicas desses projetos resolveria o problema que acontece em nossa educação?
RESPOSTA: A resolução passa pela articulação de politicas nacionais, existem alguns programas... que no Maranhão podem resolver alguns desses problemas, mas pra isso é preciso acontecer a valorização do profissional de educação, é preciso tratar a questão com transparência, é preciso articular com outros setores sociais, enfim, é necessário uma articulação com políticas nacionais e tratar [a educação] com seriedade e de forma democrática [...].
PERGUNTA: E no município de Pio XII, onde você está inserido como profissional da educação, como você vê a questão da marginalidade e essa relação entre marginalidade e educação, bem como politicas educacionais para resolver essa questão?
RESPOSTA: Bom, Pio XII fica incluída nessa reflexão geral, nessa relação entre um estado onde a educação não é prioridade e um país onde o desenvolvimento regional é completamente desigual. Pio XII se insere nessa análise; os nossos indicadores também são bastante adversos. O índice de desenvolvimento da educação básica em Pio XII é inferior ao índice maranhense e a média do Maranhão está muito aquém da média brasileira.
PERGUNTA: O senhor acredita que levar a família e a sociedade para a escola resolveria o problema da marginalidade?
RESPOSTA: Nós [professores] acreditamos que melhora, que há uma elevação do nível cultural e do capital humano desses alunos; há uma elevação, mas não a resolução do problema [marginalidade].
PERGUNTA: Em outro momento de sua obra, Saviani fala que a escola, em um dado momento histórico, passou a ser instrumento da burguesia para se autofavorecer. O senhor acredita nessa colocação?
RESPOSTA: Eu acredito. E os professores acabam servindo de instrumento dessa representação ideológica da escola [...].
PERGUNTA: Professor Gilcênio, para a gente concluir, ficou bem claro, pelos seus pontos de vista, que a educação não só não consegue resolver o problema da marginalidade, como ela é um dos causadores ou financiadores para que essa marginalidade continue, que ela exista, ou seja, que exista a desigualdade. Mas assim, o senhor tem uma esperança, uma visão para o futuro, da educação com relação a essa questão da exclusão, da marginalidade, das diferenças socioeducacionais que existem dentro da escola, onde existem privilegiados em detrimento de outros. Qual a sua visão para o futuro, tanto na educação como nessa questão da marginalidade?
RESPOSTA: Pois é, diante de tudo isso, dá-se a impressão de que a educação não serve para nada, mas veja só, a educação serve sim, serve exatamente para que você faça esses esclarecimentos devidos e conscientize os alunos do que de fato acontece, de toda essa ideologia sub-reptícia, implícita, não é descarada. Para você entender que ideologia é essa, realmente você tem que fugir um pouco da padronização do que diz esses documentos oficiais e conhecer essa história por trás. Nosso trabalho é esse, o trabalho do professor é dizer: “Olha por detrás dessa ideia de competência tem isso, não vão se deixar enganar achando que vocês serão os ‘maiorais’” ... Ao mesmo tempo, nós, professores, devemos desenvolver uma profunda responsabilidade de passar os conteúdos, que todo aluno, principalmente da escola pública, tem direito a aprender, conhecer a matemática, a língua portuguesa, a geografia, a história, a biologia, enfim, eles têm esses direitos básicos e nem sempre isso acontece no dia-a-dia. O trabalho do professor é: vocês precisam conhecer isso, para que vocês se tornem cada vez mais humanos, para que possamos cada vez mais subir na nossa escala evolutiva, mas ao mesmo tempo nós precisamos dizer... “Nosso sistema educacional foi feito para excluir alguns ou vários de vocês.” Então, é uma combinação de tudo isso. O professor tem que fazer um trabalho contraideológico, dentro da escola, tentando fazer da escola um lugar melhor.

Entrevista: Kairon Bruno Silva Cruz
Edição de áudio: Daciano Ambrosio Santos Vieira & Antonio Lucas Holanda Da Silva
Transcrição: Kairon Bruno Silva Cruz, Sara Sabrina Cirilo Vieira e Tatiana Da Conceição Dias
Produção: Odeninilson Dos Santos Carvalho & Tatiana Da Conceição Dias