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terça-feira, 21 de março de 2023

A poesia vive

 


 

A poesia anuncia
Que sobreviveu à pandemia
Assim como vem sobrevivendo
Ao holocausto, aos golpes
À bomba atômica
À bomba H
Às ditaduras
E ao mercado financeiro

 

(E, seguramente,

Vai sobreviver

Ao ChatGPT.) 


A poesia é forte
Em sua sincera expressão
Da fraqueza de todos nós:
Fraqueza, bem entendido,
Ou fraquezas, assim no plural,
Que são os heterônimos com quem convivemos
Mas que raro abrimos nosso coração para que deem a luz

Que são, de fato, imensuráveis riquezas da alma de cada um

Tudo o que somos, tudo quem somos, todos quem somos:
Portanto, lição poética que não envelhece:
Precisamos ser Pessoas.

 

 

21/03/2023, Dia Mundial da Poesia.

 

Imagem: Pixabay.

 

quinta-feira, 2 de março de 2023

CARTA ABERTA AO VICE-GOVERNADOR FELIPE CAMARÃO


 

CARTA ABERTA AO VICE-GOVERNADOR FELIPE CAMARÃO

 

São Luís, 02 de março de 2023.

 

Companheiro Felipe Camarão:

 

Permita-me, de antemão, deixar as ilustrecências e excelências de lado e tratá-lo simplesmente por companheiro, como já o fiz na minha saudação inicial. Não se trata de falta de respeito. Pelo contrário. Trato-o por companheiro por sermos irmãos de profissão, já que somos ambos professores. Cá comigo, trato-o também por companheiro desde que aplaudi sua decisão política de se desfiliar do direitista DEM e se filiar ao Partido dos Trabalhadores. Assim, chamá-lo respeitosamente de companheiro tem a ver com minha expectativa positiva em relação à sua atuação política, mais específica e precisamente agora como vice-governador do Maranhão.

Então, companheiro Felipe, vamos direto ao ponto: não dá para entender a postura do atual governo do Maranhão de tentar criminalizar judicialmente a presente greve dos professores. Pode-se discordar das reivindicações apresentadas, pode-se duvidar da intencionalidade dos dirigentes sindicais, pode-se até apontar que uma ou outra pessoa está tentando tirar proveito político da situação; tais questões são, digamos, efeitos colaterais da luta de classes... mas: CERCEAR O DIREITO DE GREVE E IMPEDIR O LIVRE EXERCÍCIO SINDICAL? Qué qué isso, companheiro?

Essa postura, companheiro Felipe, não condiz com a de um governo democrático, muito menos com a de um governo em que o principal partido da classe trabalhadora brasileira está representado na vice-governança. Não esqueçamos que o maior líder político da história do Brasil, o presidente Lula, foi vítima de perseguição similar e que chegou a ser preso na ditadura por “ousar” organizar o movimento sindical de maneira combativa e questionar a política econômica e o autoritarismo vigentes.

Assim, não faz sentido um governo, em que o Partido dos Trabalhadores está representado, compactuar com tamanha perseguição ao movimento sindical, perseguição ao direito democrático de greve e perseguição a uma categoria que por décadas e décadas tem lutado exaustivamente pela sua dignificação: a categoria dos professores. Lutar pelo piso do magistério e por melhores condições de trabalho: é esse o nosso crime?

A realidade, companheiro vice-governador, é que além da necessidade de recebermos o piso integralmente, sem o disfarce do penduricalho de uma gratificação que eleve artificiosamente nosso salário, os professores precisamos, sim, de valorização. Uma escola digna deve começar pela dignificação do trabalho educacional.

E, cá entre nós: não tem sido fácil. A pandemia trouxe como uma de suas consequências uma maior debilitação da saúde mental do povo. Aumentou nossa preocupação com a saúde mental dos nossos alunos. Mas: e quem se preocupa com a saúde mental do professor?

A implementação do Ensino Médio, reformado maliciosamente no período do golpista Temer, tem, por sua vez, empurrado os professores a um tarefismo irrefletido, causando-nos forte esgotamento físico e psicológico.

A minha óbvia conclusão é que o governo do Maranhão errou, ao tratar a situação dessa forma truculenta. Mas: virtude grande é aprendermos com nossos erros.

O que se espera, companheiro Felipe, principalmente agora que você reassume a Secretaria de Educação, é que o governo possa reabrir o diálogo com a categoria, suspender as medidas judiciais que tentam criminalizar nossa luta por dias melhores e tratar os professores com o merecido respeito, garantindo nossa valorização salarial, profissional e humana.

 

Saudações fraternas,

 

Professor Gilcênio.