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sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Poesia-minuto



De quanto se precisa
Pra um minuto de poesia?
De um dedo de prosa?
De duas bocas com fome?
De mil & um solitários que esperam o fim da pandemia?
De multidões abraçadas escorraçando fascistas?
Um minuto parece pouco
Pro desmantelo do mundo
Mas o minuto pode conter
Rios, mares, oceanos
da dialética da lágrima
Quando vai do olho ao chão
Ou o sol desse mesmo olhar e a coragem de não se pôr quando o dia se abrevia e a noite inda não vem
Um minuto de poesia
São praias
Ágoras
Praças, carnavais
Estradas
Pasárgadas
Livros
de areia
Crianças fazendo
criancices
(Mas também poetas suicidados cujas vozes não se calam tanto tempo depois)
Uma poesia-minuto são as janelas do coração
Abertas
Aos passarinhos canoros das gargantas aflitas
E a saliva seca de paixões e esperanças
Um minuto de poesia são dançarinos
& dançarinas diáfanas pelos céus dos tempos sertões constelações supernovas
Relvado de pessoas se amando e a classe trabalhadora comemorando
O tempo livre
Com a leitura de livros
& livros
& livros
Antologias poéticas de pelessinapses
Desejos & aventuranças de corpos & memórias na querença de completude
Um minuto de poesia
É só o sol
Da incompletude




São Luís, 07/08/2020