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terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Escola e comunicação: uma reflexão necessária

A comunicação eficaz é um dos pressupostos para uma educação que valorize a problematização e a ação crítica sobre a realidade. Contudo, para que o processo comunicativo aconteça livre de ruídos é preciso que os interlocutores tenham clareza absoluta sobre o que comunicar e que não haja obstáculos físicos ou psicológicos entre eles.

Aplicado à realidade escolar, esse princípio significa, em primeiro lugar, que os protagonistas educacionais precisam saber que escola querem construir, que metas e aspirações coletivas estão contempladas na “Constituição” escolar (que pode ser tanto o Projeto Político Pedagógico, como um simples termo de princípios, “carta dos sonhos” relação de objetivos etc., não importa o nome, mas a seriedade e o envolvimento presentes na gênese do texto).

Em segundo lugar, devem existir canais de comunicação, que vão desde a conversa, passando pelos comunicados escritos (avisos, cartazes, memoriais, diários de bordo, informativos etc.), rádio escolar, mensagens e produções audiovisuais, jamais esquecendo o dialogismo intrínseco a essa atividade. Em um processo franco, dialógico e democrático de comunicação, a minha mensagem pressupõe o feedback do outro; ou seja, o emissor é ao mesmo tempo receptor, numa congregação de estímulos e interesses recíprocos e solidários.

Mas, a mera existência de canais físicos, que garantam o contato emissor-receptor, não é suficiente para o sucesso do processo de comunicação. De fato, quantas vezes movidos de imensa auto-disposição e bom humor desejamos “bom dia” às pessoas do nosso dia-a-dia e obtemos como resposta um silêncio emburrado! Em outras palavras: a comunicação requer também o envolvimento psicológico dos interlocutores.

Logo, a escola precisa dispor: de clareza quanto às tarefas a cumprir para o bem do seu projeto pedagógico; de canais de comunicação eficientes; de um clima psicológico propício à comunicação. Essas exigências simples só podem ser obtidas por meio do desenvolvimento de uma cultura escolar democrática, uma gestão colaborativa – não aquela pseudogestão que se esconde em conselhos inoperantes, constituídos sem o envolvimento dos agentes educacionais, feitos tão-somente para responder às exigências dos órgãos de fiscalização do Estado, mas uma gestão que ouça a comunidade escolar e a partir daí trace um plano de ação comum.

Sem tais premissas, sempre irão existir problemas de comunicação, mensagens deturpadas, resultados imprevisíveis e prejuízos por vezes incalculáveis, relacionados à incapacidade de a escola contribuir para a criação de ecossistemas comunicativos e a formação de cidadãos críticos e autônomos.

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