Já que o mundo não acabou, fui fazer poesia...
Já que o
mundo não acabou
Um poema-brincadeira sobre o fim do mundo
Gilcênio Vieira Souza
Já que o mundo não acabou
Jogue fora essa arrogância
Desembolse sua dor
E reviva o bom da infância.
Já que o mundo não acabou
Não queira mais ser o tal
Veja no neto o avô
E em cada humano um igual.
Já que o mundo não acabou
Saia dessa indiferença
Sorria para o amor
E para o gesto de uma criança.
Já que o mundo não acabou
Não pratique a hipocrisia
Seja você, não um robô
Nem um “vai-com-os-outros, Maria”.
Já que o mundo não acabou
Se lhe pedem esperança, dê.
Sinta horror diante do horror
Não trabalhe pra morrer.
Já que o mundo não acabou
Dance agora aquele tango
Componha um samba de amor
E chame os amigos pra o rango.
Já que o mundo não acabou
Deixe de alienação
Esqueça o que a TV mostrou
Não puxe o saco do patrão.
Já que o mundo não acabou
Assista aos filmes do Chaplin
Ria e chore sem pudor
Reconte-os tintim por tintim.
Já que o mundo não acabou
Aprenda a gostar de poesia
Leia Pessoa, Quintana, Bashô
Espalhe seus versos pelo dia-a-dia
Já que o mundo não acabou
Saiba que ele pode acabar
O lema que o capitalismo criou
É: “meu lucro em primeiro lugar”.
Por isso, já que ele não acabou
Lute por um mundo sem opressão
Combata os que infligem a dor
E manipulam a informação.
Já que o mundo não acabou
Eis a chance de um novo fim:
Não agora, não na base do terror
Mas com vida digna para todos, enfim.
Pio XII, Maranhão, 22/12/2012, 11:53.
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