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terça-feira, 15 de maio de 2018

Então, sou avô!




Então, sou avô!
Faz uma semana que entrei no reino da “vovonidade”, espécie de dupla paternidade ou maternidade, condição que pode ser confundida com o despontar da maturidade ou o prenúncio da terceira idade. Ou com nada disso: ser somente um momento singularmente místico (somente, eu disse?). Então, aos 49 anos de idade, tornei-me avô duma linda menina.
E, como todo avô “muderno” (e babão), passo meus dias tirando fotos da minha netinha (quando acorda, quando sorri, quando se espreguiça), enviando-as para as pessoas da família. Sinto-me feliz por viver numa época em que podemos registrar imediatamente os momentos marcantes da nossa vida e compartilhá-los com amigos e familiares. Que sorte, a nossa.
Mesmo que estejamos seguindo o modismo atual, fotografar acontecimentos diários e postar imediatamente nas redes sociais, mesmo que agindo meio Maria-vai-com-as-outras, estamos tecendo nossa memória singular que, numa teia de tantos posts similares, compõem algo como uma memória social, descontados os clichês presentes em cada postagem (não sei se a semiótica, a sociologia, a psicologia etc. se interessam por essa imprescindível constatação científica de um recém-avô…).
Mas, talvez as pessoas da minha geração se lembrem – e se lamentem – que o nosso vínculo com as nossas origens nem sempre foi tão direto e transparente. E foi assim que, ao tornar-me avô, constato, melancólico, que não sei os nomes das minhas avós. Isso mesmo: não sei como minhas avós se chamavam. Sei que meus avôs eram o senhor Manoel (o qual ainda cheguei a conhecer) e o senhor Simão Lino (que, infelizmente, não conheci). Mas… e minhas avós, como se chamavam? Por que seus nomes foram apagados das nossas vidas? (sim, pois sei que a maioria dos netos, meus irmãos, também vivem nesse estado de ignorância). Seus nomes foram esquecidos somente pelo fato de serem mulheres?
Não sei qual a explicação, leitores, mas peço-vos paciência e compreensão: terei agora que concluir esta crônica, pois já-já vou telefonar para minha mãe e resolver duma vez essa pendência familiar. Finalmente irei conhecer os nomes das minhas avós… Ah, mas antes disso, lembrei-me: tenho que tirar mais uma foto da minha netinha...  

Pio XII, Maranhão, 18h22min do dia 15/05/2018.

3 comentários:

Gilnnes disse...

Daquelas preciosidades em forma de texto, escrito pelo melhor avô! ❤️

Unknown disse...

❤️❤️❤️

Gilnnes disse...

Amo esse texto, painho! 🥰💖