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quarta-feira, 6 de maio de 2020

A peleja de Xing, de Xang e da Super-Mãe contra o Capitão Maligno


Capitão Maligno apontava sua pistola viral para Xang quando Xing lhe deu um caratê. O Capitão gemeu e fez cara de dor, mas não deixou a pistola cair.
Voltou a apontar a pistola, ora para Xing, ora para Xang, e, com sua risada tenebrosa:
– Huá huá huá!! Depois que atirar esse vírus em vocês, ninguém mais vai me vencer (gargalhada macabra).
Mas, antes que disparasse o terrível raio de vírus, a Super-Mãe apareceu entre o Capitão Maligno e os heróis Xing e Xang.
– Esqueceu de mim, Capitão Maligno!
– Super-Mãe!! Não contava com a sua coragem – e agora o Capitão Maligno apontava para a Super-Mãe sua diabólica pistola viral.
– Não atile na Super-Mãe, seu malvadão! A Super-Mãe é boazinha! – disse Xang, com muita raiva.
Mas... Zui-zui-zui-zui... A pistola viral lançou uma rajada de covid19 sobre a heroína...
– Oh... Tarde demais... – disse a Super-Mãe, antes de cair.
Enfurecido, Xang avançou no Capitão Maligno e segurou uma das suas pernas:
– Seu disglaçado!!
O Capitão respondeu cinicamente com sua gargalhada macabra.
– Vou tentar tirar a pistola dele! – Xing correu em direção ao vilão e tentou alcançar a pistola.
– Vocês não me vencerão, seus pirralhos! (gargalhada macabra). Infectarei o mundo todo, só eu não pegarei a doença, porque eu tenho o antivírus! (gargalhada macabra).
Xing soltou o braço do Maligno, pôs as mãos na cintura e tentou argumentar:
– Mas aí todos vão morrer e você vai ficar sozinho no mundo! Você já pensou nisso?
Capitão Maligno ficou estático, com Xang agarrado na sua perna. Parecia refletir sobre os argumentos de Xing, mas...
– É verdade. Ficarei sozinho, mas não tô nem aí, sabe por quê? Porque eu sou mau, muito mau!! (gargalhada macabra). 
Essa atitude desdenhosa enfureceu Xing, que partiu com tudo em direção ao Capitão. Visava a mão do vilão. Tentando tirar sua pistola, conseguiu derrubar a arma no chão. A pistola rolou para trás do Maligno.
– Minha arma! Não posso ficar sem ela! – esbravejou.
Ao tentar se virar para procurar a pistola, com Xang segurando fortemente numa das suas pernas, o vilão perdeu o equilíbrio e caiu sobre a própria arma.
– Vai molê! O raio entlô pela bunda!! – Xang desmanchava-se em sorrisos.
– Espera! – disse Xing, observando, paciente, se Capitão Maligno esboçaria alguma reação. Mas, ele só gemeu um pouco, depois expirou, com a língua para fora.
– Vencemos!
Xing e Xang começaram a dançar abraçados.
– Espela – disse Xang. A nossa mã... A Super-Mãe moleu também. E agola?
Repentinamente, a Super-Mãe reagiu e falou, com a voz sôfrega, cheia de pausas:
– Xing e Xang, vocês salvaram a humanidade, vocês derrotaram o Capitão Maligno.
– Mas você vai molê!! – gritou Xang, como se a vitória tivesse sido em vão.
– Não, não vou morrer. Fiquem aqui vigiando o Capitão. Volto já.
E a Super-Mãe saiu, andando com dificuldade, foi até a cozinha e voltou com uma garrafa e quatro copos.
– O que é isso? – perguntou Xing.
– Isso é um líquido que mata o vírus – explicou a Super-Mãe. Foi criado por cientistas que estavam fugindo do Capitão Maligno. Eles pediram que eu guardasse. 
– Palece água – disse Xang.
– Não, não é água – disse a heroína, com a voz quase sumindo. É como se fosse uma vacina, só que para beber. Eu vou beber, está bem?
– Tá – disse Xing, balançando a cabeça afirmativamente.
– Bebe logo! – disse Xang.
A Super-Mãe colocou um pouco do líquido num dos copos e bebeu. De repente, duma postura curvada, até então, seu corpo ficou imediatamente ereto. A voz, antes silabada, agora corria normal:
– Estou curada! – gritou a heroína, enquanto dançava em círculos com Xing e Xang.
– Tomem também, vocês podem ter sido atingidos pelo raio e não terem percebido.
E colocou um copo para cada um dos heróis.
– Tem gosto de água – ainda disse Xang.
– Não é água, é vacina – corrigiu Xing, antes de tomar um gole. Antivírus – completou.
– Muito bem, estamos curados. Mas, atenção, Xing e Xang, não podemos nos descuidar. O que continuar fazendo, daqui pra frente? 
Xing e Xang entreolharam-se. 
– Continuar lavando as mãos com água e sabão, álcool, álcool em gel... – explicou Xing. 
– Máscalas! – gritou Xang, que já tinha observado que a Super-Mãe segurava quatro máscaras de cores diferentes. 
– E... – a Super-Mãe esperava algo mais... 
– Ficar em casa! – completou Xing. 
A Super-Mãe aplaudiu. 
– E o Capitão Maligno? Vamos salvar ele também?
– Não, que ele é mau! – antecipou-se Xang, com fúria nos olhos.
– E se ele prometer que vai ficar bom? – questionou a Super-Mãe.
Nesse exato momento, o Capitão gemeu e, com dificuldade, falou:
– Me ajudem, por favor... Eu prometo ficar bom... Se me salvarem, só farei o bem daqui pra frente...
Coincidentemente, o Capitão Maligno falou as exatas palavras que a Super-Mãe queria ouvir.
– Vamos salvá-lo! – gritou a heroína. 
Mas, enquanto a Super-Mãe colocava no copo o líquido salvador, Xing gritou:
– Espera!
Aproximou-se do vilão e afirmou, com autoridade:
– Você vai ter que assinar um documento, lá na ONU, dizendo que não vai mais fazer mal pra ninguém!
– O quê? – perguntou o Capitão Maligno, atarantado.
A Super-Mãe sorriu, e reforçou a condição:
– Isso mesmo, seu malvado! Nós não somos besta! Vai ter que assinar um documento dizendo que de hoje em diante vai ser um cara muito legal! Ouviu?
– Lá na ONU! – lembrava Xing.
– Isso! – completou a Super-Mãe. Lá na ONU.
Segurando um sorriso, o Maligno implorou:
– Assino, mas, por favor, salvem minha vida!
Ele, então, bebeu o líquido oferecido pela heroína. Alguns segundos depois, sentou e sorriu.
– Conseguimos – gritou a Super-Mãe, juntando os quatro num grande abraço.
Quando o Capitão levantou-se, Xing explodiu numa gargalhada, apontando para o traseiro do ex-vilão:
– A banana tá toda esmagada na bunda do senhor! Eca!
Xang rolou no chão, sorrindo.
Antônio, também sorrindo, começou a se desfazer da fantasia de vilão: retirou a peruca, de tantos e tantos carnavais, retirou o terno, usado pela última vez quando fora receber o diploma da graduação em Ciências Contábeis e abraçou Margarida, agora já sem a fantasia de Super-Mãe.
– Terminada nossa aventura, agora é o quê? Operação Banho! Xing e Xang, pro banheiro.
Simon (Xang) e Simone (Xing) dispararam, disputando quem chegaria primeiro. Margarida acompanhou os filhos.
Antônio livrou-se da calça e aproximou-se da janela. Exausto, olhou pelas persianas a rua lá fora. Abriu a janela e ouviu um enorme silêncio.
Observava o vazio quando viu um esmoler do outro lado da rua. O homem mexia em latas e sacolas.
De repente, Antônio se sentiu culpado por viver feliz. Fechou a janela e voltou a ouvir a fanfarra dos filhos, no banheiro.
Era o segundo dia de lockdown na cidade de São Luís do Maranhão.

São Luís, 06/05/2020, 17h27min.


Imagem de domínio público, disponível em www.pixabay.com.