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domingo, 26 de abril de 2020

A mala (da série "Anedotas (sur)reais")


Casa do prefeito. A empregada está no quarto do “hômi” quando a vassoura esbarra numa mala embaixo da cama. Sabendo que ali tinha coisa, a empregada sai para chamar a primeira dama.
A primeira dama chega, acompanhada de uma das filhas, que é quem abre a mala: se deparam com muito dinheiro, notas novinhas, devidamente separadas.
– O papai não pode deixar isso aqui – diz a filha, resoluta.
Logo chegam os outros filhos e o prefeito. O “hômi” ouve recriminações de todos os lados (menos da primeira dama, que era primeira só no nome, mas sempre a última a saber das coisas, a dar pitacos e outras coisas mais).
– Papai, todo esse dinheiro não pode continuar aqui! Onde é que o senhor está com a cabeça?
– E o que é que eu faço agora? – pergunta sinceramente o prefeito.
– Deixem comigo, eu guardo esse dinheiro num lugar bem seguro – é o filho mais velho, estrategista.
Tudo bem, dizem as vozes, babelicamente.
– Ok – diz o filho –, então assunto encerrado, todo mundo se comportando como se nada tivesse acontecido!
Começam a sair do quarto, aliviados, mas a primeira dama resolve assumir o seu posto e volta, curiosa:
– Meu filho, onde é esse lugar seguro que você vai esconder o dinheiro?
E o filho:
– Debaixo da cama – e a mala volta para o lugar de onde tinha saído.


Do livro "Pio XII: ficção & memória", 2019.

Imagem de domínio público, disponível em www.pixabay.com. 

Um comentário:

Unknown disse...

Valeu, Crânio! Corruptos? Não...Só todos da família farinha do mesmo saco.
Valeu, Amor.😘❤️❤️
Annes.